terça-feira, 27 de outubro de 2009

ONDE ESTA A MORTE?





Será imprudência perguntar onde está a morte? Como se apresenta a morte? Será fácil identificar esse grande inimigo? Haverá algum lugar no mundo onde a morte não espreite a presa? Qual o lugar onde a morte não pode ferir a alma?


Há uma infinidade de respostas que se apresentam à infinidade de perguntas sobre o lugar onde está a morte; entretanto, notai bem, essas respostas nem sempre primam pela exatidão e clareza que a aflitiva per¬gunta exige; jamais a resposta focaliza todos os ângulos da questão da morte.


A resposta à pergunta onde está a morte varia se¬gundo a posição e de acordo com a profissão da pessoa a quem é feita a pergunta. Para o médico, a morte está presente nos exércitos de bactérias que ameaçam conti¬nuamente a vida dos tecidos do corpo humano; uma infecção grave é a morte rondando ameaçadora. O avia¬dor vê a morte por prisma muito diferente do médico; para os homens do ar, a morte está num desarranjo do motor ou na falta de um parafuso que determina a queda do aparelho. O botânico, se lhe perguntarem onde está a morte, não pensará em máquinas desajustadas; seu pensamento voará para as plantas que expelem ácido carbono em quantidade suficiente para intoxicar qual¬quer mortal. O militar, por sua vez, não pensa em plan¬tas ao falar na morte. Para ele a morte está oculta den¬tro de uma granada ou de uma bala, e nesses elementos ele vê a morte avançar em cada estilhaço que voa.


O químico vê a morte no veneno concentrado que a arte de combinar drogas produz, sem ao menos lem¬brar-se que o turista e o alpinista apenas se lembram que a morte os espreita nos abismos e desfiladeiros que atra¬vessam e cruzam em suas viagens.


Tudo o que aí está, representa, apenas, parte da res¬posta à pergunta onde está a morte física, porém a per¬gunta tem um alcance muito mais extenso e diz respeito à morte espiritual, muito mais importante, portanto, do que a morte da matéria.


A morte espiritual deveria preocupar mais do que a morte física: se tal acontecesse, evitaríamos o perigo de atraí-la, tal como evitamos tocar num fio condutor fie alta tensão. O desconhecimento dos problemas espi¬rituais reflete em cheio na questão da morte espiritual e agravam sobremaneira a visão que o homem tem da morte da alma.


A morte física evita-se de muitas formas e desafia-se de várias maneiras, pela facilidade de localizá-la e es¬capar de cair em suas garras. Com a morte verdadeira n situação é diferente, e o homem natural carrega a morte em seus ombros.


O profeta Eliseu, em seu tempo, com um punhado de farinha afugentou a morte que estava concentrada na panela de alimento dos filhos dos profetas, mas tra¬tava-se da morte física que o corpo experimenta e o olho localiza.


No dizer do apóstolo Tiago, a morte cavalga a própria língua que contamina todo o corpo e inflama a na¬tureza, sendo ao mesmo tempo inflamada pelo inferno.


Sansão pereceu à mão de seus inimigos porque a língua o traiu revelando a Dalila o segredo de sua força e invencibilidade. Onde está a morte? A morte está nas tuas palavras e nos teus próprios lábios, se te não con¬tiveres no julgamento da reputação de outrem. A ca¬lúnia que a língua lança à circulação é tão danosa quan¬to o mais concentrado veneno, e, por estranho que pa¬reça, esse veneno faz como o "bumerang" usado pelos australianos, que, atirado contra o alvo, não acertando, retrocede e vitima sem piedade quem dele fêz uso.


Onde está a morte? A morte está no mau uso que fazemos da vida que devia estar a serviço de Deus e dos homens. Se a nossa conduta não produzir vida, fatal¬mente trará em si a morte em cada ato mal orientado. A morte aparece na vida corrupta que rejeita a santi¬dade de Deus. Pala nas frases loucas que a irrespon¬sabilidade lança por toda a parte. A morte destaca-se no ódio individual e coletivo que se semeia nos corações dos vizinhos ou na consciência da nação.


A morte acomoda-se sinistramente nos sistemas iní¬quos que aparentam justiça, mas defraudam o pobre. A morte domina onde a verdade é espezinhada e o fana¬tismo entronizado.


Na cátedra ou na oficina, a morte não arreda o pé, quer ter quinhão no trabalho nefando de destruir e orientar para o mal. Na igreja ou na escola, espreita e espera ser bem sucedida na tarefa de não deixar a luz do céu espargir conhecimento e saber verdadeiros e eternos nos corações.


Onde está a morte? A morte espiritual está em todos os movimentos que não tenham um objetivo louvável e construtivo ou que se oponham à manifestação da von¬tade de Deus nas relações com o homem ou com a na¬tureza.


À luz da Palavra de Deus todas as obras que não levam em si um propósito consciente de amor e altruís¬mo, são obras mortas, quer dizer, ali a morte domina absoluta, porque a vida está ausente.


Onde está a morte? Tanto pode estar na manifesta¬ção de hipocrisia do vizinho como num acesso de ódio do teu coração. O homicídio não é somente o ato de tirar a vida física ao semelhante. Há outra forma de homi¬cídio, o homicídio espiritual, que não mata o corpo, mas impede, de muitas e várias maneiras, que a alma se apro¬xime de Deus e faz com que o espírito se aprofunde nas trevas do mal. A morte dorme contigo, acorda ao teu lado, senta-se contigo à mesa. Voa até onde puderes por¬que a morte irá contigo; onde poderes ir, ela também irá.


Só há um lugar onde a morte não está. Esse lugar é o céu, e, conseqüentemente, aqueles que estão escondi¬dos com Cristo em Deus, não provarão o aguilhão desse monstro que tudo devora. O corpo pode tombar vítima das conseqüências do pecado, porém a alma redimida pelo sangue do Cordeiro passa incólume pelos laços dessa intrusa que está em toda a parte, menos nos domínios da fé.

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